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O Legado do Cine Theatro Polytheama em Manaus

Prédio do Antigo Cine Theatro Polytheama / Foto : G. Huebner & Amaral. - Acervo: Joaquim Marinho.

O Cine Theatro Polytheama carrega uma rica história que remonta à efervescência cultural e às transformações urbanísticas de Manaus no início do século XX. Embora sua estrutura original tenha sido parcialmente substituída ao longo dos anos, o frontão remanescente é um marco de memória da cidade e testemunha de sua evolução arquitetônica e cultural.

As Origens do Polytheama

Antes do famoso Cine Theatro Polytheama que muitos conhecem, existiram dois outros estabelecimentos com o mesmo nome, ambos marcados por sua relevância na vida social da época. O primeiro Polytheama foi inaugurado em agosto de 1899 como uma casa de diversões e botequim, localizado na esquina da antiga avenida Eduardo Ribeiro com a rua Henrique Martins. Apenas em outubro de 1900, este local começou a exibir filmes, marcando o início da era cinematográfica em Manaus.

Em novembro de 1906, essa casa de diversões foi transferida para outro ponto da avenida Eduardo Ribeiro, na esquina com a rua 24 de Maio, onde passou a se chamar Theatro Polytheama. Contudo, essa nova encarnação teve vida curta, encerrando suas atividades em janeiro de 1907.

A Inauguração do Cine Theatro Polytheama

A história do Cine Theatro Polytheama como sala de exibição propriamente dita começa em 14 de julho de 1912. Sem nenhuma relação com os estabelecimentos anteriores, exceto pelo nome, este cinema foi inaugurado pela Empresa J. Fontenelle & Cia. Ele estava situado na esquina das antigas rua Municipal e avenida 13 de Maio, hoje conhecidas respectivamente como avenidas Sete de Setembro e Getúlio Vargas.

Com capacidade inicial para 1.500 pessoas, o Polytheama se destacou como um dos principais pontos culturais de Manaus, atraindo multidões com suas projeções cinematográficas. O espaço representava não apenas um local de entretenimento, mas também um símbolo do avanço tecnológico e cultural que permeava a capital amazonense na época.

Prédio do Antigo Cine Theatro Polytheama / Foto : G. Huebner & Amaral. - Acervo: Joaquim Marinho.
Prédio do Antigo Cine Theatro Polytheama / Foto : G. Huebner & Amaral. – Acervo: Joaquim Marinho.

Modernização e Declínio

Em 1959, o Cine Theatro Polytheama passou por uma grande reforma que reduziu sua capacidade para 1.200 lugares. Com novos equipamentos de projeção automática, sistema sonoro modernizado e iluminação indireta, o cinema reabriu em 1º de agosto daquele ano. A reestreia contou com a exibição de Guerra e Paz, filme que atraiu representantes da Paramount e da Metro Goldwyn-Mayer no Brasil, reforçando o prestígio do local.

Apesar dessas melhorias, as décadas seguintes trouxeram mudanças significativas para o Polytheama. Em 1973, o cinema encerrou suas atividades, cedendo lugar a uma rede de eletrodomésticos. Desde então, o prédio abrigou diferentes tipos de empreendimentos, incluindo uma agência bancária e uma empresa de câmbio e turismo. Atualmente, o local é ocupado por uma loja de departamentos.

Um Vestígio da Memória Arquitetônica

Embora a função original do prédio tenha sido substituída, parte de sua arquitetura foi preservada. O frontão remanescente, adornado com uma lira e duas sereias, é um ícone de resistência da história do Polytheama. Esse detalhe arquitetônico simboliza não apenas a riqueza cultural da época em que o cinema operava, mas também a importância de preservar a memória urbana de Manaus.

Prédio do Antigo Cine Theatro Polytheama / Foto : Durango Duarte - Cartão-postal Livraria Acadêmica.
Prédio do Antigo Cine Theatro Polytheama / Foto : Durango Duarte – Cartão-postal Livraria Acadêmica.

O Cine Theatro Polytheama na Memória Coletiva

O Cine Theatro Polytheama desempenhou um papel crucial na vida cultural de Manaus durante mais de meio século. Desde suas origens como uma casa de diversões até sua transformação em um moderno cinema, o Polytheama acompanhou as mudanças tecnológicas e sociais que moldaram a cidade.

Hoje, ele vive na memória coletiva não apenas como um espaço físico, mas também como um símbolo da Manaus de outrora – uma cidade vibrante e em constante evolução. A preservação de seu frontão nos mostra que mesmo diante das inevitáveis transformações urbanas, há espaço para valorizar e resgatar a história que molda nossa identidade.

Fotos e arquivos como os de Durango Duarte, Joaquim Marinho e outros ajudam a manter viva a memória desse lugar emblemático. Mais do que um edifício, o Polytheama é um capítulo importante da história cultural de Manaus – um testemunho do potencial de uma cidade que sempre busca conciliar modernidade e tradição.

Marcus Pessoa

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Sou apaixonado pela história do Amazonas e decidi criar o portal "No Amazonas é Assim" e agora o blog "No Amazonas Era Assim" para resgatar memórias e histórias curiosas de Manaus e do estado, conectando gerações e valorizando a rica cultura regional.

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