Confira algumas das mais famosas artes tumulares do Cemitério São João Batista

O Cemitério São João Batista, localizado em Manaus, é um verdadeiro museu a céu aberto, abrigando uma rica coleção de arte tumular. Desde o século XIX, o espaço reflete as influências culturais, sociais e econômicas de diferentes épocas. Neste artigo, apresentamos 12 exemplos emblemáticos de túmulos e jazigos, destacando elementos artísticos, históricos e simbólicos que fazem do cemitério um importante patrimônio cultural da região.
JAZIGO-CAPELA MODERNO, Século XX
Este jazigo-capela é um exemplo notável da influência da arquitetura moderna em ambientes funerários. Projetado com uma porta de abertura irregular, o design transmite uma combinação de funcionalidade e estilo. As paredes, revestidas com pastilhas azuis, agregam um toque de sofisticação e serenidade ao ambiente. Famílias abastadas frequentemente optavam por construir recintos privativos para seus entes queridos, refletindo status e devoção. A escolha de materiais modernos e detalhes arquitetônicos como esses demonstra o compromisso com a preservação da memória familiar enquanto dialoga com as tendências artísticas do século XX.

SÍMBOLO CRISTÃO, Século XIX
Neste jazigo, o anjo desolado sentado sobre uma urna simboliza a passagem entre a vida e a morte. O baixo-relevo é repleto de elementos cristãos como a cruz latina, que representa a redenção; a balança, simbolizando o julgamento divino; o coração de Jesus, remetendo à misericórdia; a espada, que simboliza a justiça divina; e o livro, onde estão registrados os dados do falecido. Este conjunto de símbolos não só embeleza o jazigo, mas também narra a esperança cristã de vida após a morte, em uma época em que a religião exercia grande influência sobre a arte funerária.

A PRECE, Século XX
Um exemplo marcante de arquitetura escultural, este jazigo-capela em forma de mãos em posição de oração destaca-se pelo realismo dos dedos. A estrutura traduz um sentimento de devoção e espiritualidade, enquanto seu design único e exuberante insere-se na estética Kitsch. Essa categoria de arte é caracterizada pela mistura de estilos e pela busca de impacto visual. O jazigo não apenas honra a memória do falecido, mas também se apresenta como uma obra de arte que convida os visitantes a refletirem sobre a força da fé e a fragilidade da vida.

A PRANTEADORA, Século XIX
Fruto do período áureo da borracha, este túmulo é adornado com uma placa de mármore que retrata, em baixo-relevo, uma mulher em prantos. Seu semblante é de tristeza profunda, simbolizando o lamento e a dor da perda. O apuro artesanal é evidente na representação da árvore repleta de folhas e flores, um cenário que traduz beleza e efemeridade. Este tipo de arte tumular revela o quanto as famílias da época investiam em materiais nobres e em detalhes elaborados para eternizar o amor pelos que partiram.

CRIANÇA SOBRE O ROCHEDO, Século XIX
O contraste entre a delicadeza de uma criança em oração e a robustez de um rochedo simboliza a proteção divina que envolve o jazigo. Feito em mármore, material que confere nobreza e durabilidade, o epitáfio apresenta detalhes que encantam, como as protuberâncias da rocha e as dobras realistas do pano. A escultura transmite um sentimento de esperança e pureza, evocando a fé em Deus como a força que sustenta os que sofrem a perda de um ente querido.

A CRIANÇA COM EPITÁFIO, Século XIX
Aqui, a criança semi-nua protege os dados do falecido, envolta em um drapeado que reflete a influência da beleza neoclássica. O cabelo cacheado e a expressão serena completam a obra, que exala um sentimento de candura e memória eterna. Este túmulo é mais do que um monumento – é uma expressão artística de amor e devoção, perpetuando a lembrança do falecido em uma forma profundamente emocional.

A FAMÍLIA REUNIDA, Século XIX
Esta obra em mármore de Carrara impressiona pelo realismo do grupo escultórico que coroa o jazigo. A mãe, sentada e rodeada pelas filhas, recebe flores que simbolizam pureza e a essência da alma. Provavelmente importada da Itália, a escultura reflete a influência europeia na arte funerária manauara, destacando o valor da família e da conexão entre as gerações, mesmo após a morte.

CRIANÇA ENFERMA, Século XIX
O baixo-relevo deste jazigo retrata uma cena rara: uma criança enferma descansando em seu leito de morte. Os detalhes do ambiente – a cortina entreaberta, a vela acesa e o anjo que protege o jazigo – enriquecem a narrativa visual. A obra é um tributo à efemeridade da vida e à esperança na proteção divina.

O TÚMULO, Século XIX
O anjo coroando o túmulo com flores é o destaque deste baixo-relevo. A simbologia é clara: a coroa de flores representa a eternidade e o obelisco no topo reflete a elevação espiritual. Embora a escultura principal esteja ausente, os elementos remanescentes ainda narram uma história de devoção e memória perpétua.

MAUSOLÉU MAÇÔNICO, Século XX
Este mausoléu destaca a influência da arquitetura clássica na arte tumular. Os símbolos maçônicos, como o esquadro e o compasso, são repetidos, reforçando a identidade da Loja Maçônica 28 de Julho. A construção celebra a memória de seus membros enquanto preserva os valores e a estética da ordem.

JAZIGO-CASA, Século XX
Com uma varanda revestida em azulejos padronizados e esquadrias metálicas, este jazigo em formato de casa é um exemplo da evolução dos jazigos-capelas. Seu interior, reminiscentes de altares de igrejas brasileiras, reflete a fusão entre devoção religiosa e design arquitetônico, destacando-se pela originalidade.

BUSTO DO EDUARDO RIBEIRO, Século XIX
O busto do militar Eduardo Ribeiro é uma homenagem ao ilustre personagem, confeccionado em mármore de Carrara com os traços realistas do retratismo. Este monumento não apenas celebra a vida de Ribeiro, mas também reforça seu legado na história de Manaus, imortalizando-o em arte.
