Balneários e Parques Aquáticos

Balneário do Parque Dez: Um refúgio histórico da Manaus dos Anos 1930

Balneário do Parque Dez: Um refúgio histórico da Manaus dos Anos 1930 / Foto : Colorida com Inteligência Artificial por Marcus Pessoa

O bairro Parque Dez de Novembro carrega em seu nome uma data marcante: o dia 10 de novembro de 1937, que marcou o início do Estado Novo, um dos regimes mais repressivos da história brasileira.

Sob o comando de Getúlio Vargas, o Congresso Nacional foi fechado, liberdades individuais suprimidas e uma onda de presos políticos se espalhou pelo país. Apesar do contexto político adverso, Manaus testemunhou a criação do Balneário do Parque Dez, uma área de lazer estruturada para oferecer às famílias amazonenses um espaço de descanso e diversão, em meio à natureza abundante.

Vista do então balneário do Parque Dez de Novembro. Local de lazer das famílias manauaras, que se dirigiam ao local para amenizar o calor em Manaus, década de 1960. / Foto Acervo: Arquivo Público Municipal de Manaus.
Vista do então balneário do Parque Dez de Novembro. Local de lazer das famílias manauaras, que se dirigiam ao local para amenizar o calor em Manaus, década de 1960. / Foto Acervo: Arquivo Público Municipal de Manaus.

A Estrutura do Balneário: Lazer e Natureza em Harmonia

Inaugurado durante a gestão do engenheiro-agrônomo Antônio Botelho Maia, prefeito de Manaus entre 1937 e 1940, o balneário foi projetado para ser um ponto de encontro para as famílias da região. Localizado em uma vasta área verde de 50 hectares, o espaço era abastecido pelas águas cristalinas do igarapé do Mindu, que preenchiam uma piscina natural irresistível. Além disso, o local contava com um zoológico, quadras esportivas e um restaurante especializado em culinária regional, oferecendo opções para todos os gostos.

O acesso ao balneário era feito pela rua Recife, que descia de Adrianópolis até o Parque Dez, em uma pista pavimentada de cimento. Nas proximidades, onde hoje está a avenida Efigênio Sales, existia uma vereda conhecida como V-8, que levava a inúmeras chácaras às margens do igarapé. Estas propriedades possuíam banhos particulares, mas o Balneário do Parque Dez se destacava como o ponto central de lazer da região.

Balneário do Parque Dez: Um refúgio histórico da Manaus dos Anos 1930 / Foto : Divulgação
Balneário do Parque Dez: Um refúgio histórico da Manaus dos Anos 1930 / Foto : Divulgação

O Balneário na Memória de Manaus

Na década de 1940, o balneário tornou-se um dos destinos favoritos das famílias manauaras, que buscavam aliviar o calor típico da região. O espaço era um programa de final de semana comparável à Praia da Ponta Negra nos dias atuais.

Uma edificação em estilo colonial dominava o cenário, abrigando um bar com avarandado, um salão de dança, vestiários e áreas para orquestras. A combinação de diversão, gastronomia e natureza transformava o local em um verdadeiro refúgio para os habitantes de Manaus.

Vista aérea do então Balneário do Parque Dez de Novembro. Além disso, vemos sua piscina larga que recebia as famílias manauaras em dias de forte calor na cidade. / Foto : Acervo: Arquivo Público Municipal de Manaus.
Vista aérea do então Balneário do Parque Dez de Novembro. Além disso, vemos sua piscina larga que recebia as famílias manauaras em dias de forte calor na cidade. / Foto : Acervo: Arquivo Público Municipal de Manaus.

Declínio e Abandono

Infelizmente, o avanço do “desenvolvimento” trouxe consigo a degradação do balneário. Na década de 1970, o espaço foi desativado. O igarapé do Mindu, que antes oferecia águas limpas e refrescantes, foi poluído pela expansão urbana. O que antes era um símbolo de lazer e convivência agora está resumido a ruínas, com estruturas abandonadas e sujeitas a depredação.

Muitos manauaras ainda se recordam com saudosismo do tempo em que o Balneário do Parque Dez era um ponto de reunião para a comunidade. Em depoimento, um antigo frequentador lamenta a perda do espaço: “Participei muito desse balneário. Tomei muitos banhos lá e lembro que até tinha um zoológico. O fim do balneário aconteceu em prol do dito ‘desenvolvimento’. Hoje, é triste ver o estado de abandono e a poluição do igarapé.”

Lembranças de um Passado de Ouro

Apesar do abandono, o Balneário do Parque Dez permanece vivo na memória de Manaus como um dos ícones de lazer das décadas passadas. Era um espaço onde as famílias se conectavam, celebravam e desfrutavam da natureza exuberante da Amazônia. Suas ruínas são um lembrete da importância de preservar os espaços públicos e naturais para as gerações futuras.

O desaparecimento do Balneário do Parque Dez também serve de alerta para outras regiões da Amazônia, como Presidente Figueiredo, onde os balneários ainda resistem, mas enfrentam desafios semelhantes. É necessário investir em medidas de conservação para evitar que esses patrimônios também se tornem apenas memórias.

Balneário do Parque Dez: Um refúgio histórico da Manaus dos Anos 1930 / Foto : Divulgação
Balneário do Parque Dez: Um refúgio histórico da Manaus dos Anos 1930 / Foto : Divulgação

Conclusão

O Balneário do Parque Dez foi mais do que um espaço de lazer; foi um marco cultural e histórico de Manaus. Hoje, sua lembrança inspira reflexões sobre o valor da conservação e do respeito ao meio ambiente. Resta aos manauaras manter viva a memória desse lugar especial e lutar para preservar o que ainda é possível, garantindo que as futuras gerações também tenham espaços para criar memórias inesquecíveis.

Balneário do Parque Dez: Um refúgio histórico da Manaus dos Anos 1930 / Foto : Colorida com Inteligência Artificial por Marcus Pessoa
Balneário do Parque Dez: Um refúgio histórico da Manaus dos Anos 1930 / Foto : Colorida com Inteligência Artificial por Marcus Pessoa

Marcus Pessoa

About Author

Sou apaixonado pela história do Amazonas e decidi criar o portal "No Amazonas é Assim" e agora o blog "No Amazonas Era Assim" para resgatar memórias e histórias curiosas de Manaus e do estado, conectando gerações e valorizando a rica cultura regional.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Recomendamos também

Igarapé do Tarumã
Balneários e Parques Aquáticos

Vídeo do Igarapé do Tarumã em 1986

Fim de semana para algumas famílias manauaras era sinônimo de Tarumã. Infelizmente o igarapé com águas limpas que você vê
Cachoeira Alta do Tarumã
Balneários e Parques Aquáticos

Cachoeira Alta do Tarumã

A Cachoeira Alta do Tarumã está abandonada, em maio de 2013 foi anunciado que haveria uma recuperação da cachoeira, porém