Balneário do Parque Dez: Um refúgio histórico da Manaus dos Anos 1930

O bairro Parque Dez de Novembro carrega em seu nome uma data marcante: o dia 10 de novembro de 1937, que marcou o início do Estado Novo, um dos regimes mais repressivos da história brasileira.
Sob o comando de Getúlio Vargas, o Congresso Nacional foi fechado, liberdades individuais suprimidas e uma onda de presos políticos se espalhou pelo país. Apesar do contexto político adverso, Manaus testemunhou a criação do Balneário do Parque Dez, uma área de lazer estruturada para oferecer às famílias amazonenses um espaço de descanso e diversão, em meio à natureza abundante.

A Estrutura do Balneário: Lazer e Natureza em Harmonia
Inaugurado durante a gestão do engenheiro-agrônomo Antônio Botelho Maia, prefeito de Manaus entre 1937 e 1940, o balneário foi projetado para ser um ponto de encontro para as famílias da região. Localizado em uma vasta área verde de 50 hectares, o espaço era abastecido pelas águas cristalinas do igarapé do Mindu, que preenchiam uma piscina natural irresistível. Além disso, o local contava com um zoológico, quadras esportivas e um restaurante especializado em culinária regional, oferecendo opções para todos os gostos.
O acesso ao balneário era feito pela rua Recife, que descia de Adrianópolis até o Parque Dez, em uma pista pavimentada de cimento. Nas proximidades, onde hoje está a avenida Efigênio Sales, existia uma vereda conhecida como V-8, que levava a inúmeras chácaras às margens do igarapé. Estas propriedades possuíam banhos particulares, mas o Balneário do Parque Dez se destacava como o ponto central de lazer da região.

O Balneário na Memória de Manaus
Na década de 1940, o balneário tornou-se um dos destinos favoritos das famílias manauaras, que buscavam aliviar o calor típico da região. O espaço era um programa de final de semana comparável à Praia da Ponta Negra nos dias atuais.
Uma edificação em estilo colonial dominava o cenário, abrigando um bar com avarandado, um salão de dança, vestiários e áreas para orquestras. A combinação de diversão, gastronomia e natureza transformava o local em um verdadeiro refúgio para os habitantes de Manaus.

Declínio e Abandono
Infelizmente, o avanço do “desenvolvimento” trouxe consigo a degradação do balneário. Na década de 1970, o espaço foi desativado. O igarapé do Mindu, que antes oferecia águas limpas e refrescantes, foi poluído pela expansão urbana. O que antes era um símbolo de lazer e convivência agora está resumido a ruínas, com estruturas abandonadas e sujeitas a depredação.
Muitos manauaras ainda se recordam com saudosismo do tempo em que o Balneário do Parque Dez era um ponto de reunião para a comunidade. Em depoimento, um antigo frequentador lamenta a perda do espaço: “Participei muito desse balneário. Tomei muitos banhos lá e lembro que até tinha um zoológico. O fim do balneário aconteceu em prol do dito ‘desenvolvimento’. Hoje, é triste ver o estado de abandono e a poluição do igarapé.”
Lembranças de um Passado de Ouro
Apesar do abandono, o Balneário do Parque Dez permanece vivo na memória de Manaus como um dos ícones de lazer das décadas passadas. Era um espaço onde as famílias se conectavam, celebravam e desfrutavam da natureza exuberante da Amazônia. Suas ruínas são um lembrete da importância de preservar os espaços públicos e naturais para as gerações futuras.
O desaparecimento do Balneário do Parque Dez também serve de alerta para outras regiões da Amazônia, como Presidente Figueiredo, onde os balneários ainda resistem, mas enfrentam desafios semelhantes. É necessário investir em medidas de conservação para evitar que esses patrimônios também se tornem apenas memórias.

Conclusão
O Balneário do Parque Dez foi mais do que um espaço de lazer; foi um marco cultural e histórico de Manaus. Hoje, sua lembrança inspira reflexões sobre o valor da conservação e do respeito ao meio ambiente. Resta aos manauaras manter viva a memória desse lugar especial e lutar para preservar o que ainda é possível, garantindo que as futuras gerações também tenham espaços para criar memórias inesquecíveis.
